E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Brasileiro é um tipo engraçado.

Brasileiro é um tipo engraçado. Preocupa-se com cada um dos 23 jogadores que vai à copa e uns outros 500 que não foram convocados. Mas não questiona a escalação dos nossos ministros, presidentes de CPI e que tais. Aliás, o brasileiro não quer saber nem quem é o síndico do prédio.

Brasileiro é um tipo engraçado. Reclama de
cada atitude do técnico da seleção, de cada erro de português que ele comete, de cada peça de roupa que ele usa. Fala mal quando ele é bonzinho, quando é grosseiro, quando é sem sal e quando é soberbo.

Brasileiro é um tipo engraçado. Fica louco para saber como o jogador emprega seu dinheiro, pago pela iniciativa privada mas não faz ideia do caminho que segue o imposto, que lhe é tirado à força.

Brasileiro é um tipo engraçado. Apesar de todos os percalços no trabalho, só procura o chefe pra perguntar a que horas será dispensado no dia do jogo: “"E depois, tem que voltar?".

Brasileiro é um tipo engraçado, mas tem todo o direito aos sete feriados na Copa. Afinal, brasileiro ganha mal. O salário não paga o brinquedo do filho, a mistura pro jantar. Em um esforço sobre-humano dá pra comprar camisa, bola, corneta, cerveja, rojão, bombinha, carvão, cerveja, carne, televisão gigante, televisão portátil, cerveja. O único problema é ter que ligar rapidinho antes que o crédito acabe e pedir pro amigo não esquecer de trazer... mais cerveja.

Aliás, falando em compras, reparou que foi só mudar o nome da corneta pra todo mundo sair achando que é novidade, pra virar febre e vender muito. E justo aqui, que ninguém nunca tem dinheiro para nada. (Nada?). Bom, emprego também não falta. Em tempos de Copa, o Centro de Apoio ao Trabalhador fica completamente vazio.

Os locutores e comentaristas brasileiros. Estes são terrivelmente engraçados. Maltratam o português, fazem observações redundantes. Vão de ufanistas a pessimistas dependendo da curva da bola. Isso irrita tanto o brasileiro que ele, em um momento raríssimo resolve se mobilizar. Usa toda sua criatividade e faz campanha mundial na internet. Com uma das mãos no computador manda os sujeitos todos se calarem. Com a outra, a do controle remoto, pedem para esses mesmos caras falarem um pouco mais alto, já que o sobrinho cometeu o sacrilégio de fazer um pouco mais de barulho no momento mais tenso do jogo mais importante da história do país do futebol.

Termina o jogo. Brasileiro bebeu porque “estávamos” perdendo , bebeu porque “empatamos” e bebeu porque “viramos” o jogo. Sim, tudo na primeira do plural, afinal é nossa vida que está em jogo. Ele sai na rua gritando e buzinando feito um louco. Mas basta tomar uma fechada pra amarelinha rasgar de ponta a ponta e o verde do incrível Hulk tomar o controle.

Dobra a esquina e dá de cara com uma batida policial. “"Pô, esses caras não tem o que fazer? Justo em dia de jogo do Brasil! Tanto bandido solto por aí!". Pois é... ele briga, xinga, perturba a paz dos vizinhos, usa explosivos vendidos ilegalmente, veste camisa pirata, vê o jogo pelo gato na TV a cabo, faz barbaridades no trânsito, dirige embriagado. Que injusta essa tal de polícia, que não perde a mania de trabalhar no sagrado dia de jogo.


Fui “inspirado" a escrever este primeiro post depois de ser acordado por cornetas às 7 da manhã em um dia que eu poderia levantar às nove. Uma manhãzinha fria e gostosa, com aquela neblina que mal enxergo a grade da sacada. Não citei nomes apenas por um motivo: quero reaproveitar o texto na copa que vem.



9 comentários:

Fabrizio E. Vargas disse...

Me identifiquei muito com seu texto, pois penso da mesma forma, aliás, acho que num próximo texto vc poderia até mencionar, que em copas do mundo, geralmente os políticos aproveitam para aumentar seus salários, aumentar impostos, pois sabem que o povo fica cego com futebol, e depois querem ter o direito de reclamar !
Só brasileiro mesmo ! Podia-mos ser uma potência se não perdesse-mos tanto tempo com besteiras dando tanto crédito a jogadores milion´rios que muitas vezes poucam se lixam pra camisa ou país !

André Baptista disse...

Fabrizio, muito bem lembrado!
Aliás, o Pânico fez uma matéria mostrando o quanto Brasília anda vazia neste mês e o aumento aprovado na véspera da abertura da Copa. Enquanto isso, nem emprego o brasileiro anda procurando.

Um grande abraço e obrigado pela participação!

יעקב אוריאל בן ישראל‎ disse...

Já coloquei em meu blog "Ser um Cristão Apostólico" um link para esta matéria... parabéns!

www.serapostolico.blogspot.com

Deus é Fiel... sempre!!!

Cláudio Natalício disse...

André,
Solicito sua autorização para publicar esse texto no meu blog. Gostei muito do conteúdo.

http://claudiiblog.blogspot.com

Um abraço,
Cláudio

André Baptista disse...

Cláudio,

sem problemas, desde que você o coloque na íntegra e com link para este blog.

Agradeço a você e ao Thiago pela leitura!!!

Em breve, novo post...

abraços!

Wagner Y. disse...

Sensacional...

ane disse...

muito interessante, abordou o brasileiro às avessas do que estamos acostumados a ver nesse período tenso-insano, até de um patriotismo extremamente exagerado em copa do mundo.
parabéns!
(vi o link do blog no teu perfil do twitter).

Marina Atallah disse...

Andre,
seu texto é fabuloso! Não sabia que pensava e escrevia tão bem!
Beijos

André Baptista disse...

Valeu, Ane, Marina!!!

Mas agora vem o mais difícil... pensar no segundo texto... hehehe

abraços!

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